Na tarde e noite desde domingo (17), o povo brasileiro parou diante da
tela. Desta vez não se tratava de final de campeonato, como costuma
acontecer. Apesar de no Nordestão ter havido partidas entre Bahia x
Santa Cruz e Campinense x Sport - onde Santa e Campinense se
classificaram - não foi esse o real motivo da parada.
O que estava em jogo ontem era o futuro da presidente Dilma Rousseff
(PT). Ontem, o plenário da Câmara votou pelo impeachment da presidente.
Com o resultado, o processo encaminhará para o Senado. Caso seja
vitorioso por maioria simples (41 votos), a presidente será afastada,
abrindo caminho para Michel Temer (PMDB) assumir o mandato.
Mas o que vimos ontem em Brasília foi algo patético. É verdade que
existem muitos problemas no Governo Federal, e a presidente Dilma -
avessa ao diálogo, prepotente, e que usou métodos nada generosos para
vencer as eleições de 2014, desconstruindo adversários e até prometendo o
que não cumpriria -, mas também vemos que o problema não está só no
Palácio do Planalto e no Palácio do Jaburu - onde fica o
vice-presidente. O buraco é mais embaixo.
O Congresso Nacional foi um verdadeiro circo de horrores na noite de
ontem. Deputados que apelavam para suas famílias, suas cidades, e até
Deus, num verdadeiro show de demagogia, oportunismo e hipocrisia. Se
Dilma errou - e deve ser punida -, muitos desses deputados também devem
explicações à nação, pois a maioria deles também foram até mesmo
citados na Lava - Jato.
Pior ainda, mais deprimente, era quem estava à frente do julgamento. O
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB) é réu no STF, envolvido em
várias denúncias. Evidente que a pessoa é inocente até que se prove o
contrário, mas no caso do presidente da Câmara, não deveria conduzir um
processo desse enquanto fosse investigado. Cunha não consegue esconder
que a vingança pessoal, e não o amor pelo Brasil, o levou a esse ato.
Poucos deputados que votaram pelo impeachment realmente votaram por
pensar no bem do País. Mas outros, em sua maioria, pensavam apenas em
seus bolsos. Do outro lado, também vimos muitos excessos. Entre os que
votaram contra o impeachment, haviam muitos merecedores de respeito, que
até protagonizaram falas que podem ser consideradas as melhores desse
circo de horrores, mas haviam aqueles que apenas queriam tapar o sol com
a peneira usando o fato da presidente ter tido 54 milhões de votos na
eleição passada.
O processo agora caminha para o Senado e esperamos que os nobres
senadores não façam a palhaçada que foi vista ontem na Câmara dos
Deputados. Minha opinião pessoal continuará sendo na defesa de novas
eleições, pois é a única forma de sairmos do buraco onde estamos
metidos. A atual presidente não possui mais condições de governar e
criar uma agenda positiva para o Brasil. Ela agora promete um pacto caso
escape do impeachment - algo que ela poderia ter feito bem antes. Por
outro lado, não podemos entregar o Brasil nas mãos de falsos moralistas e
investigados pela Justiça. Esse não é o futuro que desejamos para
nossos filhos e netos